A Rotina EXATA de um Fórum de Justiça

direito humor

Fórum. Meio dia. Estagiários de mochila e calça jeans passam apressados pelo detector de metais. O vigilante aperta o botãozinho para desabilitar o bloqueio da porta para não haver incômodo para os servidores que entram com celular, chaves, revólveres e armas brancas. Opa, deixou um cidadão passar. Faz ele voltar e passar pelo detector novamente. A porta apita e, com uma voz feminina, diz aquela baboseira toda: “POR FAVOR… não sei o que lá objetos metálicos…” O segurança manda o indivíduo pôr o celular e chaves no guarda-volumes. O sujeito passa de novo. Mais um apito…

Na Vara de Infância, ouve-se alguém falando seriamente ao telefone: “o tomate, tá bom o preço, o feijão, a laranja também!”. Chega o vendedor de pão. Vende um para a estagiária que mora sozinha. Oferece à outra estagiária que está super concentrada no seu computador, jogando campo minado enquanto espera o Projudi voltar ao ar. Ela agradece e diz que não quer.

_ Não quer agora, mas à tarde vai dar fome…

_ Ah, hahaha, muito obrigada, mas não vou querer hoje.

_ Não quer hoje? Amanhã eu volto!

Uns minutos depois entra no gabinete do Juiz de Direito a mocinha que vende cupcakes. “Alguém quer?” É claro que alguém quer, quem vai resistir a tanta fofura num pouco de farinha assada com confete?!

Acabam os cupcakes. Mas também, cada assessor compra um e o magistrado tem um punhado de assessores! Um punhado não, um monte mesmo, tudo amontado um em cima do outro dentro do gabinete. Cada um com duas telas, ficam fazendo “não” com a cabeça o dia inteiro. Outro dia, deu “ler” numa assessora depois dela digitar por inteiro o depoimento escaneado de uma testemunha de homicídio. Ossos do ofício!

Falando nisso, teve um juiz desse Fórum que, recentemente, declarou precisar de mais “sós do ofício” – termo concebido por ele mesmo para designar o momento de silêncio, paz e solidão necessários para o trabalho. Isso realmente é fato, a rotina de um juiz não sabe o que é sossego: é uma “entração” em gabinete… aparece réu todo dia pedindo clemência, advogado de uma em uma hora requerendo “apreciação do pedido com carinho”, servidor a cada 40 minutos para tirar dúvida e estagiário, o tempo todo só pra encher o saco mesmo.

Mas vamos continuando o passeio. Uma sala com a porta aberta, deixa eu ver… quatro caras de cabelo comprido sentados numa bancada, cada um com seu respectivo computador. Um mais carrancudo que o outro, um com mais cara de preguiça que o outro, parece até que estão jogando Counter-Strike! Ah, é o pessoal da informática.

Vamos, vamos andando…

_ Moça, onde fica a Vara Criminal? Preciso falar com eles sobre um procedimento…

_ Bom, procedimento é no Juizado.

_ Não, não, eu tenho que ir na criminal mesmo.

_ Ah é? Mas qual vara?

_ Pois eu não sei.

_ O seu processo é sobre o quê?

_ Pois é… é um bagulho aí…

_ O quê? Tráfico?

_ Nááo! Eu não mecho com isso não dona!

_ Então é o quê? Preciso saber para te dizer em qual vara você tem que ir.

_ Ah, é um negócio que eu tenho no tornozelo aqui…

_ Tornozeleira eletrônica!

_ É, é, fala baixo!

_ É por ali!

Andando pelo Fórum é comum passarmos de vez em quando por um cara de calça jeans, sapato social, camisa velha, andando rapidamente, meio sorridente e fazendo o maior esforço para ser humilde (até que ele consegue) – esse é o promotor de justiça.

Se achar que viu uma juíza – cuidado – essa é a estagiária novata!

A melhor forma de reconhecer uma juíza é observá-la: se anda rápido, olhando para baixo e fazendo bastante barulho com o salto, essa sim é a juíza.

O rapaz imponente de terno maior que o corpo é advogado. Acabou de tirar a carteira da OAB e só faz defesa dativa, isto é, não tem dinheiro para comprar um terno melhor. A jovem bem arrumada do lado dele também é advogada e também não tem dinheiro, mas, mesmo assim, anda toda chique.

Advogada em início de carreira investe na beleza. Anda de cabelão, vestidão e colar…zão.

Advogado em início de carreira investe no transporte. Só vai ao Fórum de carrão. Volta a pé porque acabou a gasolina. Diz ao cliente que vai ficar para outra audiência e somente vai embora 40 minutos depois dele para não correr o risco de se encontrarem em alguma faixa de pedestres.

Esse cara altão que acabou de passar é o psicólogo. Boa pinta, mas fala manso demais…

As meninas uniformizadas não são da limpeza. São do Juizado Especial.

Saindo do Fórum temos o vigilante e o rapaz que não estava passando no detector de metais discutindo, cada um empurra a porta para um lado, o moço quer entrar e o vigia não quer deixar! O negócio é esperar, pois não dá pra sair pela porta de baixo – neste exato momento, manifetantes com cartazes ameçam invadir um júri…

9 comentários sobre “A Rotina EXATA de um Fórum de Justiça

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